quarta-feira, 22 de julho de 2009

Derradeiro Suspiro.

Sempre fora feliz. Sonhara, vivera a todos os momentos de sua vida com tamanha intensidade como se estivesse esperando pelo momento derradeiro. Tivera muitos amigos, todos estavam com ela nos momentos bons, sorrindo e dançando, comendo e bebendo, peregrinando de festa em festa e de bar em bar. Mas agora onde estavam aqueles que antes eram parte de si?

Não sabia responder. Se sentia só. E sua solidão era inabalável, sempre estivera só, mas apenas agora notara isso. Ela lembrava com saudade dos tempos em que podia correr na areia da praia, nadar em meio às ondas do mar e jogar tênis com as amigas. Agora ela estava reduzida ao seu computador e seu leito, o leito de morte?

Novamente ela não sabia. Tudo o que ela necessitava era de alguém, alguém que lhe trouxesse vida e lhe desse a sua própria vida. Fazia dois anos que o médio havia diagnosticado uma grave doença degenerativa em seu coração, aos poucos ela foi abandonando tudo o que sempre gostara de fazer. Os amigos, ou aqueles que se diziam amigos, a abandonaram ao primeiro sinal de fraqueza de seu organismo.

Nunca fora tão materialista, nunca havia percebido o quanto era apegada a este mundo e por fim, nunca torcera tanto pela morte de alguém. Pois, tudo o que ela precisava era que alguém morresse para que ela sobrevivesse. Quão egoísta ela se sentia por pensar e agir desta forma. Mas seu instinto de sobrevivência era maior, talvez se ela tivesse forças para se levantar do leito, mataria com suas próprias mãos, se isto a mantivesse neste mundo. Mas os batimentos diminuíam e com eles o brilho de seus olhos.

Foi numa manhã chuvosa de sexta-feira que ela partiu. Não se sabe para onde. Mas ela foi embora, sem provar as verdades da vida, sem viver, tão jovem e tão lúcida. Com tanta vontade e desejo de ter um coração, mas ninguém morreu para que ela ficasse neste mundo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Paralelos

Ele estava em casa, sem nada para fazer e com pouco dinheiro no bolso. Após se cansar de olhar seus e-mails em busca de algo o que fazer, decidiu que naquela noite sairia sozinho. No entanto, a solidão durou pouco, os amigos que lhe faltavam no e-mail, lhe sobraram no bar. O convite surgiu, ele teve tempo apenas para um aceno de cabeça. Os seguiu rumo ao nada e com promessas de diversão.

Enquanto isso, ela planejara por semanas que estaria no meio do nada e não deixaria nada atrapalhar aquele momento. Queria ouvir seu rock, beber sua cerveja e navegar no mar de seus pensamentos, afinal isto era o que ela fazia de melhor em todo o universo. E assim ambos se encontravam no mesmo recinto, porém cada um trancado em seu mundinho. Um tímido e casual ao canto do palco, outro se descabelando pelas músicas.

Olhares se cruzaram, palavras foram trocadas, mas esta não era a hora, o destino lhes reservava um momento único. Ao som do velho e bom rock ‘n roll, ele se aproxima desajeitado, um assunto que ela não presta atenção, mas sabe respondê-lo. Ela o interrompe e lhe deixa falar. Ele tão desajeitado sussurra “Não tenho muito jeito com estas coisas, mas quero te beijar”. “Então beija”, ela respondeu tímida, mas com um desejo consciente de ser beijada.

Momentos antes, ela estava lá. Sozinha, mas cercada de pessoas. As vezes o vazio pode ser amenizado com um beijo, mas ele sempre volta. Ela me confessou dia desses, que não sabe o que seria dela sem ele. Pois, em uma noite fria ele a encontrou, vagando diante de seres imperceptíveis, com lágrimas nos olhos e um ar gélido no coração.

Foi ele quem lhe deu ouvidos, carinho e calor. E ela ofereceu em troca seus problemas,seu frio e suas lágrimas. E eles foram felizes. Sorriram e brincaram, esqueceram que o dia iria amanhecer. A despedida prorrogada, mãos que se acarinham e um beijo tímido. Caminhos opostos de linhas paralelas que, talvez, um dia se encontrem no infinito. Mas o futuro é uma incógnita.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Nada.

A vida é um nada.
Um nada que lutamos para entrar.
Para permanecer.
Um nada que não queremos sair.
Nada que nos satisfaz.
Nada que nos deixa feliz.
Nada que deixa saudade.
Nada que traz tristeza.
Nada que um dia sem aviso acaba.