segunda-feira, 7 de abril de 2014

O contrato


“Antes de qualquer coisa acontecer precisamos conversar” – ele disse com a seriedade estampada na face. Com modos polidos, cada qual tomou seu lugar à mesa. O cenário: um quarto de motel. Pitoresca era a decoração do local: cortinas roxas e paredes vermelhas, um constrangedor banheiro sem porta, espelhos e luzes fracas, que deixavam tudo envolvido em um tom obscuro e avermelhado. O rádio tocava as melhores do sertanejo universitário, apesar de ambos odiarem a trilha sonora, ela não os deixava em um silêncio constrangedor de um ambiente estranho.
Apesar de ser praticamente impossível haver silêncio, pois ele a enchia de perguntas: como, por qual motivo, de onde, assim, assado, sim ou não!? Ela respondia, categoricamente, a todas, amparada por sua sinceridade costumeira e lutando contra um ataque de risos motivado pelo cenário.
Ao final de acalorada discussão chegaram aos termos de seu contrato: nada de compromissos, cobrança zero, transparência entre as partes, sigilo e prazer total. O contrato foi selado com um aperto de mãos. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Podridão

As vezes fico pensando se fosse ‘assim ou assado’, mais baixa, mais alta. Não era pra ser com esse, não foi com aquele, talvez não seja com ninguém.
Mas o que todo mundo quer é encontrar alguém. Alguém a quem dizer coisas confidenciais, alguém para fazer #mimimi e reclamar do chefe de vez em sempre. Apenas um alguém que te torne triste e feliz ao mesmo tempo, que te traga preocupações como: “em que bar ele foi se meter?”, ou ainda “será mesmo um jogo de futebol?”.
Tudo é tão efêmero, a maioria pensa no lado bom: no sexo, na pizza, no almoço de domingo e nos passeios no parque. Esquecemos que as pessoas não trarão às nossas vidas apenas o que é bom, pois, cada um tem sua bagagem de podridão. E é justamente esta a que mais me interessa. Quando se é podre, se encontra a essência do ser. O seu último suspiro, pois não somos capazes de florear sobre nossas incapacidades o tempo todo. É neste segundo de descuido, que todos verão quem realmente somos e, quem sabe, se encantarão ou se identificarão com tamanha podridão de ser.

Leveza.

Agora deixo para trás tudo o que é tóxico
Aquilo que não me completa
Que não acrescenta
Não me auxilia
Decidi que não me abaterei diante das dificuldades
Muito menos sofrerei por antecipação
Vou deixar que o destino me guie,
E que ele me mostre o melhor caminho a seguir

Sempre.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Intimidade.


Ser íntimo de alguém não significa simplesmente compartilhar momentos. Ser íntimo de alguém é como compartilhar sua alma com esta pessoa, saber qual atitude tomar a partir de um olhar, de um gesto. Passar horas em silêncio, na tranquilidade de uma manhã de domingo. Dividir o calor do seu corpo em um abraço, sentir que seus corações batem em sintonia. Sincronizar a respiração para não perder o instante único que é estar com esta pessoa.
Ser íntimo de alguém é ter vergonha de falar o que sente, adiar decisões, olhar de longe. Demonstrar o lado podre que todo ser humano tem. Mais do que isso, ter intimidade com alguém é aceitar os defeitos um do outro. É compartilhar as dúvidas, é não falar com esta pessoa, mas pensar nela todo instante.
Intimidade dói. Mostra-nos o melhor e o pior de cada ser. Ao mesmo tempo, é o que mais ansiamos por ter com quem realmente nos importa. Ser íntimo é ter a liberdade de agir da forma que achar melhor, de ser apenas você, sem filtros, sem camadas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Aquele sem título.


Quero o inusitado
Nada de frases feitas
Músicas clichês.

Conquiste minha atenção.
Surpreenda-me.
Seja diferente de todos
Mostre-me o lado bom de ser ruim
E o lado ruim em ser bom.

Preencha meus espaços.
Tome o seu lugar em minha vida.
Logo!
Sem regras, sem medos.
Sem meias medidas.

Arrebate-me total e completamente.
Não me deixe dispersar,
Perder o foco.

Mantenha-me junto a ti.
Em seu coração.
E em seus pensamentos.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Estranheza.


Muito me pego pensando se o amor é a calmaria ou simplesmente o limite de tudo que há de coerência em um ser humano. Tenho dúvidas se amar é privar-se de algo por alguém ou simplesmente querer ter o objeto do afeto sempre por perto. Aquela sensação de saudade que aparece...Mas logo desaparece em seguida, fazendo com que a pessoa retorne mais uma vez aos seus sentidos.
Isso tudo porque o amor está interligado a todos os nossos sentidos, enquanto escrevo sinto seu cheiro. Posso sentir seu abraço apertado, ouvir sua voz dizendo que tudo isso não passa de asneira ou estranheza, e ainda o gosto daquele último beijo e o seu sorriso torto em meio a multidão.
Gosto de pensar que você sente o mesmo, que sente minha falta e acorda pensando em mim. Como eu penso em você. Adoro a sensação de calmaria ao pensar em seus olhos e no seu toque. Na sutileza dos detalhes da nossa relação, toda cheia de meandros, de dúvidas. Estranheza. Assim que nos definimos: estranhos. É estranho quando estamos juntos, a tendência é sempre nos unirmos, meus olhos chamam os seus. Suas mãos chamam as minhas, um sorriso. Estranheza. Não temos presente ou futuro, mas estaremos gravados um na alma do outro, estranhamente.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Volúvel

Adoro um coração volúvel
Paixões instáveis
Sem futuro e miseráveis

Sentir o melhor
e o pior de todo o ser humano.


As angústias
Prazeres
e desprazeres.

A emoção do conhecer
A saudade diária
E a dor da troca.