terça-feira, 14 de setembro de 2010

A música

Olhares que denunciam.

Gestos que distanciam.

Toques imperceptíveis.

Um calor na face.

O sabor do último beijo,

Ainda latente, constante e presente.



Nossa música tocou no rádio. Que asneira estou falando, nossa música, desde quando temos uma música? Desde sempre. Desde aquele beijo, desde os carinhos trocados, dedos cruzados e nossos olhos fixos um no outro. Como posso ser tão tolo, como podemos ter uma música, se nem ao menos nos temos. Mas é fato: ela tocou. Já sei de cor todos seus acordes, sua letra e sua batida. Ouvi-a muitas vezes, incansavelmente, sempre pensando em ti.

Sinceramente, impossível dizer o que sinto quando a ouço. É um misto de saudade e incerteza. Nunca tinha pensado em um futuro com outro ser humano. Agora, quando penso em futuro, penso em ti. Não entendo como algo tão bom pode me enviar do céu ao inferno em segundos. Vivo buscando sua presença. Esta deve ser a sensação de um viciado. Sou um viciado em tua presença, teu toque e teus beijos. Sutis, inocentes, descentes por demais, mas que me completam.

Sonho, espero, planejo tua presença. Mas quando a tenho, paraliso. A voz some, as palavras fogem, meus olhos desviam. É o mais sensato, eles podem me denunciar. A tortura da tua ausência só é agravada pela nossa música. De novo essa história, impossível termos uma música, eu sei, você não deve se lembrar. Bom, é melhor eu parar de ouvir rádio, pois chega de devaneio, de tortura e de lembrar que você não está aqui.

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