Olhares que denunciam.
Gestos que distanciam.
Toques imperceptíveis.
Um calor na face.
O sabor do último beijo,
Ainda latente, constante e presente.
Nossa música tocou no rádio. Que asneira estou falando, nossa música, desde quando temos uma música? Desde sempre. Desde aquele beijo, desde os carinhos trocados, dedos cruzados e nossos olhos fixos um no outro. Como posso ser tão tolo, como podemos ter uma música, se nem ao menos nos temos. Mas é fato: ela tocou. Já sei de cor todos seus acordes, sua letra e sua batida. Ouvi-a muitas vezes, incansavelmente, sempre pensando em ti.
Sinceramente, impossível dizer o que sinto quando a ouço. É um misto de saudade e incerteza. Nunca tinha pensado em um futuro com outro ser humano. Agora, quando penso em futuro, penso
Sonho, espero, planejo tua presença. Mas quando a tenho, paraliso. A voz some, as palavras fogem, meus olhos desviam. É o mais sensato, eles podem me denunciar. A tortura da tua ausência só é agravada pela nossa música. De novo essa história, impossível termos uma música, eu sei, você não deve se lembrar. Bom, é melhor eu parar de ouvir rádio, pois chega de devaneio, de tortura e de lembrar que você não está aqui.
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