Saudade da vida que não vivera
Dos amores que rejeitou.
Simplesmente ficava saudosista
A fitar o infinito
Pensava nos filhos que poderia ter tido
Nas aventuras que poderia ter vivido
Nos beijos não correspondidos.
Saudade definia muito bem o que fora sua vida
Ausências, faltas e carências.
Viver
E não viver.
Talvez apenas tenha vegetado
Visto o tempo passar
As rugas surgirem
O ir e vir das estações
Tudo sob a sua janela.
Muitas primaveras passaram
Mas ela nunca fora ao parque cheirar uma flor
Chuvas caíram
E ela não sentira as gélidas gotas em sua pele.
Pessoas vieram.
Foram-se.
Morreram.
E ela estava ali
Estanque no mesmo lugar
Esperando algo que não sabia o que era
Mas agora era tarde demais
Viveu uma vida de saudades
Vontades não satisfeitas
Inverdades contidas
Verdades não ditas.
Agora a saudade era parte de si
Tanto que partiria com ela
Afinal aprendera a lição...
Saudade é silenciosa e dói na alma.
E, sinceramente, é uma ferida que nunca cura.
Nem mesmo com a morte.
Um comentário:
saudade é cortante como um grito na noite fria...
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