quarta-feira, 25 de maio de 2011

Saudade.

Naturalmente sentia saudade
Saudade da vida que não vivera
Dos amores que rejeitou.

Simplesmente ficava saudosista
A fitar o infinito
Pensava nos filhos que poderia ter tido
Nas aventuras que poderia ter vivido
Nos beijos não correspondidos.

Saudade definia muito bem o que fora sua vida
Ausências, faltas e carências.
Viver
E não viver.

Talvez apenas tenha vegetado
Visto o tempo passar
As rugas surgirem
O ir e vir das estações
Tudo sob a sua janela.

Muitas primaveras passaram
Mas ela nunca fora ao parque cheirar uma flor
Chuvas caíram
E ela não sentira as gélidas gotas em sua pele.

Pessoas vieram.
Foram-se.
Morreram.

E ela estava ali
Estanque no mesmo lugar
Esperando algo que não sabia o que era

Mas agora era tarde demais
Viveu uma vida de saudades
Vontades não satisfeitas
Inverdades contidas
Verdades não ditas.

Agora a saudade era parte de si
Tanto que partiria com ela
Afinal aprendera a lição...

Saudade é silenciosa e dói na alma.
E, sinceramente, é uma ferida que nunca cura.
Nem mesmo com a morte.

Um comentário:

Koch, Hans Cristian disse...

saudade é cortante como um grito na noite fria...