Toda criança tem o seu amigo imaginário, eu nunca tive. Não fosse uma criança que não falasse sozinha...pelo contrário, antes de dormir sempre fazia meus diálogos imaginários com pessoas e situações que nunca tinha presenciado.
Não sei se isso era reflexo de uma infância com apelidos bobos ou simplesmente eu tentava suprir a falta que me fazia um amigo (a). Porém apesar de todas as discussões mentais, as quais geralmente não passavam do mentalês, nunca dei nome às vozes que ouvia ou pensava ouvir.
Chegando a adolescência, o hábito de falar sozinha me abandonou, ou eu o abandonei, a questão é que ele foi substituido por outras coisas mais interessantes, como filme e pipoca com amigas de carne e osso ou mesmo uma volta na pracinha da cidadezinha que eu morava, sabe né, cidade pequena é segura e os pais deixam a gente sair de casa sem preocupação com o horário. As vozes cessaram e eu estava sussegada na minha vidinha, amigos, matemática, física e o sonho com uma carreira brilhante como bióloga.
No entanto, algo (talvez as forças do destino) fizeram-me mudar de opinião e as vozes voltaram. O desespero pré-vestibular, a rejeição de suas idéias e do seu jeito de ser, fazem com que você se sinta só no mundo, apesar deste mundo ter mais de 6 bilhões de pessoas espalhadas por sua superfície. Você passa sua vida toda pensando em como juntar dinheiro para ter uma velhice confortável que talvez você nem chegue a desfrutar.
Só de pensar nessas questões, entrei em parafuso. Mas é difícil quando só você entra em parafuso, seus pais não lhe entendem, seus amigos te chamam de maluco e todo mundo que te conhece acaba se afastando. Talvez por você transparecer em sua face, ou mesmo em suas ações, que precisa de uma explicação para os porquês deste mundo. Porém quem será que pode te ajudar? Ninguém.
Profeticamente apenas você mesmo pode resolver seus problemas. É nesta hora que seus amigos imaginários, lá da infância (infeliz ou feliz), voltam para te ajudar. Que ironia, todos te abandonam, menos as pessoas que não existem. Pera aí! Existem sim e são uma parte de você. Talvez ele seja uma parte obscura ou somente aquela pessoa que você sempre quis ser, aquela que na sua imaginação diz tudo o que pensa e sabe sobre tudo o que é questionada. Esse é o meu amigo Ataíde.
Ataíde é um ser de luz, talvez luz negra - branco não combina muito comigo - que gosta de ler, filosofar, é cabeludo à moda antiga, ouve música, tem bom gosto e isa all star surrado. Ele é quem me consola nas horas tristes, me faz sorrir e querer continuar a resolver meus problemas. É Ataíde que tem idéias mirabolantes e me ajuda a fazer orgias alimentares em plena madrugada em frente ao PC. É, Ataíde não me abandona nunca, sabe tudo ao meu respeito e sente tudo o que sinto, mais do que um amigo, ele é meu inconsciente que me diz quando estou certa ou errada. É ele quem me previne de desastres e me guia nas noites sem lua e sem amigos.
É Ataíde...você é a razão do meu viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário