segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Comunicaaação

Comunicar

Por em comum

Como um

Pensamento

Sentimento

Comunicar

Igual

Instinto

É preciso

SENTIR

Comunicar COM

Palavras

Da boca

Oca

COMUNICAR

Por olhares

De olhos

Profundos

Olhares

De/para um mundo

Comunicar

Por

Gestos

E

Textos

Comunicar

Pelo

Corpo

Sopro de vida

Sabida

COMUNICAR

Igual

Instinto

Logo sinto

Falo

Minto, sinto a

PALAVRA

Chegar

Comunicação

Comunicar

A ação

Comunicação

Ser a

Ação

Sentir a

Ação

Comunicaaação

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Não sei.

Muitas coisas têm me ocupado.

Tenho pensado, remoído e repensado no que fazer de minha existência.

Não sei.

Não sei qual a melhor maneira de partir.

Não sei o que me prende aqui neste mundo.

Serão os amigos, os livros ou os discos?

Não sei.

Não sei de onde vim

Onde estou

Ou mesmo para aonde vou.

Sinto que sou falha e humana.

Seria tão fácil terminar com esta existência pesada e sem vida.

Mas porque ainda estou aqui?

Não sei.

Apenas me pergunto:

Porque tudo não acaba de uma vez? Cansei. Não quero mais brincar de viver.

As vezes.

As vezes tento fugir de mim mesmo.
As vezes acredito que serei feliz,
outras tenho certeza da infelicidade eterna.
Muitas vezes gosto do que vejo,
mas a maioria das coisas me desagrada.
Me desagrada tua ausência,
as vezes presenças me desagradam.
As vezes me sinto confusa,
E as vezes tenho tanta certeza,
que a desilusão toma conta de meu ser.
As vezes quero voltar ao passado,
mas quando percebo que não há saída
desejo veementemente pelo futuro.
As vezes quero ser eterno.
Outras apenas rezo para que tudo acabe logo.
As vezes te quero do meu lado,
mas quase sempre quero estar só.
As vezes amo, as vezes odeio.
Gosto da inconstância, gosto de me sentir eu as vezes.
E gosto, apenas pelo simples prazer de gostar.
Mas as vezes, apenas as vezes,
me sinto cansada de tudo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Guri.

“Tudo era mais doce com o meu guri”. Ela não se cansava de repetir. A doçura de outrora deu lugar ao amargor da realidade, uma realidade que achara que jamais viveria, pois é natural que os pais partam antes dos filhos. Não é?!

Comecemos do início.

Iracema, este era seu nome. A doçura de seus virginais lábios fora maculada por Basílio, o primo insólito e indecoroso. Ainda muito jovens contraíram núpcias. As juras de amor eterno, a festa farta e os sorrisos dos convidados eram um atestado de felicidade eterna para o casal. Uma casa pequena cheia de filhos gorduchos e com saúde, já era o bastante para eles, afinal o que mais poderiam querer? É, acredite, isto era tudo o que eles queriam.

A noite de núpcias, a transformação da “moça donzela” em mulher casada. Não foi tão maravilhoso quanto ela esperava, mas Basílio lhe prometeu que isto mudava com o tempo. Iracema acreditou, pois como seria possível ela não crer no seu grande amor.

A rotina do lar se estabeleceu. Ele trabalhava para sustentar ela. Ela cuidava das roupas, da limpeza, da comida e do terreiro. O sexo? Era bom, mas lhes faltava algo, os filhos tão prometidos.

Tamanha foi a felicidade de Iracema ao saber que carregava o primeiro fruto de seu amor maior. A concretização de seus sentimentos por Basílio. Assim nasceu o primeiro, o segundo, e enfim o terceiro de seus filhos. Por mais que se negue, por mera convenção dos pais, toda mãe tem o filho preferido. E o de Iracema era o terceiro. Menino forte, cheio de princípios e com espírito de lutador.

Aos olhos da mãe o Guri era dócil, gentil e amável, a melhor de todas as crianças na face da terra. Sem notar, ele se tornou o mundo de Iracema. Os demais sobreviviam como luas que giram em torno de uma órbita pré-estabelecida, ajuntando as migalhas da afeição da mãe, e não se importavam, apenas buscavam se igualar ao Guri.

O tempo...

O tempo passou, ele sempre passa. O Guri cresceu e se tornou um rapagão. As tardes de farras imaginárias foram substituídas pelo labor. Os carros de brinquedo pelos carros de verdade da oficina na qual trabalhava. Afinal os carros se tornaram sua paixão e como toda paixão foram letais ao Guri.

Foi numa tarde de outono, folhas voavam ao léu com um vento uivante. Iracema sentiu seu peito apertar em uma breve taquicardia, ela apenas gritou: MEU GURI.

“Ah, meu Guri, tu partistes e me deixastes aqui” – a voz do desespero de uma mãe perante o túmulo de seu filho. Descabelada, ela chorava e gritava que aquilo não era de ordem natural, um filho partir antes de sua mãe, que era ela quem deveria estar no lugar de seu Guri.

O mundo perfeito foi sepultado com seu Guri. Basílio, não dotado da sensibilidade de Iracema, a deixou chorando sozinha sobre o túmulo do Guri. Ela se ergueu, graças as outras duas luas que orbitavam em seu mundo. Busca forças, mas tudo que faz, vê ou vive é pelo instante que encontrará seu Guri.

Outro dia a encontrei e ela apenas me sussurrou: “Tudo era mais doce com o meu guri”.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sequidão.

Olho para o nada.
Apenas o nada me consola.
Me sinto perdida, desolada.
Meu chão se desfez
Minhas palavras se perderam no caminho.
Caminho sem rumo
Para lugar algum,
Sem sentido
Sem chão
E sem temor.

Meus pensamentos voam.
O coração apenas bate.
Bate sem motivo e sem sentir.
Respiro por respirar.
Vivo por viver.
Por viver esperando sua volta.

A volta que fará com que
Meus lábios deixem de secar.
A volta que fará com que
Meus olhos voltem a brilhar

Mas...
Enquanto você não vem
Me sinto seca de sentimentos.
Sei que levastes todos contigo.
Perdi meu abrigo ao te perder.

Ouço a chuva no telhado vizinho
Vejo os respingos em minha janela.
Sei que os céus choram
As lagrimas que em mim secaram.
Os céus choram, choram...
Por mim que estou sem rumo,
Sem destino
E sem a sublimidade do amor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sentido.

Me conta

Quero ouvir sua voz rouca falando sobre o cotidiano,

Sobre os assassinatos que imaginou

Sobre o seu dia monótono

E as ordens que você deu e cumpriu.

Me ouça

Quero que você ouça o quanto te amo

O quanto pensei em você o dia todo

Quero que você ouça a monotonia do meu dia

A leve melancolia da minha voz.

Ouça, meu coração acelerar ao seu toque.

E minha respiração ofegando em seu abraço.

Me toque

Toque e sinta o quanto sou sua.

Sinta o tremor de meus lábios.

A docilidade de minha pele.

O suor em minhas mãos

E o arfar de meu peito.

Me queira

Como uma amiga

Como uma irmã

Como mulher ou amante.

Me queira...apenas me queira.

Nas mais diversas formas de querer.

Apenas admita...

Admita que sou seu eu.