terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ímã

“Eu sou uma fonte de sangue

Em forma de garota

E você é o pássaro na beirada da fonte

Hipnotizado pelo rodamoinho

Me beba, me faça real.”

Bachelorette, Björk

Era uma noite de verão, estrelas no céu, lua cheia e um grupo de amigos sem muito que fazer. O vento soprou. Com a leve rajada ela sentiu seu perfume no ar e, sinceramente, não havia nada que ela gostasse mais do que sentir seu perfume. Ele olhava fixamente em seus, ela olhava os dele e sentia como se estivesse mergulhando em um oceano límpido e puro.

O desejo se traduzia no toque, quase sem querer. No olhar, inevitável. E nos sorrisos, doces e sem pecado. Ela o amava, era fato. Ele a amava, também era fato. O mundo conspirava para que estivessem sempre juntos, mas ao mesmo tempo separados. Afinal como revelar a todos o que sentiam se nem ao menos sabiam ser correspondidos um pelo outro?

Covardia era o que os separava de uma vida comum de amor e felicidade. Há muito se conheciam, dividiam muitos gostos e, aos poucos, o que era apenas uma amizade em preto e branco – como num velho filme francês –, foi ganhando cores, formas e muito mais vida – como o roteiro de uma comédia romântica hollywodiana. A essência de tudo é o amor, e ao chegar ele se transformou, mudou destinos distintos e os uniu.

Enquanto ela navegava em seu olhar e sentia seu doce hálito, imaginava a melhor comparação para os dois. “Somos ímãs” – pensou. “Ímãs têm polaridades distintas, mas sempre se atraem”.

Algo os atraía, era inevitável, impossível negar: eles nasceram para estar juntos, dividindo o mesmo céu. Mas, seus beijos não se pertenciam, ainda. Enquanto ela pensava nisso, lembrou-se do que Veríssimo dissera: “O amor que ainda não se definiu é como a doce melodia de uma música ao longe”. Que assim seja e que a música chegue cada vez mais perto e se torne ainda mais doce.

Um comentário:

Who Cares? disse...

Taí perfume rende Post rs.
Eu respondi a tua pergunta no meu próprio post e resolvi vir até aqui dar uma olhada.

Eu li teu texto e logo me lembrei do Filme a Lagoa Azul, acho que pela descrição suave a ingênua dos sentimentos.

:*